Bem vindo ao Via Consciência, um blog dedicado à comunicação conscienciológica, onde o ser humano em evolução é o principal tema de pesquisa.

Todos os textos neste blog são de autoria de Mário Luna Filho, salvo aqueles em que a fonte for mencionada. Críticas e comentários são bem vindos.

"Não acredite em nada que ler ou ouvir neste blog. Reflita. Tenha suas próprias opiniões e experiências."

sábado, 30 de maio de 2009

Amizades Crônicas

Estou cada vez mais convicto de que não fazemos amigos. Eles já existem de alguma forma e estão à nossa espera. Só nos cabe encontrá-los e reconhecê-los como tal.

Nossos amigos fazem parte da nossa holohistória consciencial, isto é, da nossa história existencial atemporal, e vêm da mesma paraprocedência, mas por mais que sejamos levados a reconhecê-los como amigos, muitas vezes nos deparamos com uma verdadeira oportunidade para entendê-los melhor e reciclar esse relacionamento pluriexistencial. Como perceber isso ? Quando os sentimentos surgem de maneira avassaladora e inquestionável, aparentemente sem sentido, e a realidade da relação em si parece seguir uma linha contra o tempo e a ordem naturais do mundo em que vivemos. Sentimos que imergimos numa realidade própria, levada por sentimentos inquebrantáveis de afetividade e emergimos numa condição em que muitas vezes não entendemos e sobre a qual não temos escolha. Simplesmente nos pegamos amando alguém e com uma ligação impressionante.

Vivemos numa amizade situações que carecem de retoques e melhorias num sistema de conhecimento mútuo contínuo e, quando repartindo um sentimento de união comum, todas essas formas de crescimento se autosustentam, vencendo os obstáculos implícitos. Mas isso não é fácil. O termo em si é dúbio. Geralmente tomamos colegas por amigos e quando descobrimos o erro a frustração é inevitável. Amizade de fato encontramos no sentido das palavras afinidade, amor, lealdade, intimidade, fraternidade, assistencialidade etc. Contudo, quando buscamos a razão ou química que dá aos nossos gestos o caráter que cada uma dessas palavras possui, não encontramos apenas no que é visível aos nossos olhos, nem no que a nossa vã sabedoria pode entender, mas no que apenas pode ser sentido, sem muitas explicações.


Apesar das diferenças, o sentido de uma amizade é desprovido da necessidade de compreensão e contido apenas na sua razão de existir.

Ter um grande amigo é uma necessidade vital que só percebemos quando encontramos aquele com quem compartilhamos os sentimentos da amizade. Mas esse processo transcende a carência afetiva comum e vai além do que nos faz falta pelo simples vício.


Sem amizade, não fazemos parcerias evolutivas, pois nos falta não apenas ferramentas de desenvolvimento pessoal mas conteúdo grupocármico. Com isolamento apenas nos mantemos num mesmo lugar. Evitar um amigo ou uma amizade é muitas vezes criarmos prisões grupocármicas. Sem amizade, casais se separam, pois a relação homem-mulher não se faz só com sexo, mas antes de mais nada, e sobretudo, com amizade. Sem amizade, a comunicação entre pessoas perde a força. Amigos encontram assuntos em comum, multiplicam interesses, cresce com o crescimento do outro, vecem junto sobstáculos assim como desfrutam bons momentos, porque é simplesmente bom estar na companhia de amigos mesmo quando não temos muito a dizer um ao outro.

Posso avaliar o valor de uma amizade, pois tenhos algumas sinceras e atemporais. Percebo o quanto elas me modificaram como pessoa de alguma forma e de maneira contínua. Vejo o quanto tive que entender cada uma de suas complexidades e me adaptar às suas intrincadas realidades, muitas vezes busquei compreensão em mim mesmo do que nos fatos externos. Entendo que ensinei tanto quanto aprendi em todos os momentos em que tive que me aprimorar como consciência em evolução. Com um sentimento que vai muito além do que a realidade física pode mostrar, justificar, explicar, um encontro de amigos verdadeiros anula o tempo dos calendários, as justificativas fáceis e numa via de mão dupla compartilha informações valiosas que refletem vidas e vidas de convivência. A velha estrada é recontruída e ambos os motoristas vão, também aos poucos, reconhecendo cada detalhe da paisagem e identificando a importância de seguir juntos aquela viagem através do tempo.
Encontrar um amigo é não mais conseguir se ver sem ele.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

O Desafio do Auto-enfrentamento

"Quando você olha para fora, você sonha. Quando olha para dentro, você acorda." A frase do psiquiatra suíço, Carl Jung (1875-1961), colocada à prova do tempo, certamente venceu todos os riscos do esquecimento e se apoiou na natureza humana para se legitimar e manter-se mais atualizada do que nunca, numa época notadamentre marcada pelo capitalismo materialista em que vivemos, quando planos, sonhos, desejos e objetivos, além da sobrevivência num mundo cada vez mais competitivo, leva o homem a esquecer a sua realidade interior e sua evolução pessoal.

Tendemos mais a olhar para fora do que para dentro. Esse olhar interior, entretanto, é um movimento difícil porque requer coragem. Estamos tão condicionados a interpretar a realidade à nossa volta que nossa percepção do mundo interior transformou-se num mistério o qual tende mais a nos assustar do que nos seduzir. Fugimos da nossa própria realidade não apenas porque tememos o desconhecido e não nos reconhecemos nela, como também evitamos a responsabilidade que implica o crescimento pessoal, assim como as mudanças recorrentes, inevitáveis diante deste desenvolvimento, pelas quais temos que passar. Conhecer "essas outras pessoas" que residem dentro de nós envolve auto-enfrentamento maduro, o que, a princípio, pode ameaçar à nossa felicidade, a zona de conforto na qual estamos assentados, no velho e confortável jargão "está bom assim" ou "eu não vou mudar mesmo."

Esse olhar para dentro, o qual se refere Jung, promove a auto-pesquisa, ou a pesquisa sobre nós mesmos, quem de fato somos, ou onde nossos dramas se originam e por que, e também ressalta a importância do auto-conhecimento maduro, sério, evolutivo. Esse movimento nos leva mais rápido adiante e, se continuado, mais longe. Por outro lado, a percepção da realidade externa com base em sonhos leva ao auto-engano e temos que apurar a lucidez para não deixarmos o fascínio, promovido pela falta de uma realidade concreta efetiva, guiar a nossa vida e cegar a única visão necessária: a visão de quem realmente somos.