Bem vindo ao Via Consciência, um blog dedicado à comunicação conscienciológica, onde o ser humano em evolução é o principal tema de pesquisa.

Todos os textos neste blog são de autoria de Mário Luna Filho, salvo aqueles em que a fonte for mencionada. Críticas e comentários são bem vindos.

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terça-feira, 27 de julho de 2010

A Sistematização da Insegurança

A imagem do pai ao lado do corpo do filho, morto por um policial em Fortaleza, exibida no programa Fantástico da TV Globo, no último domingo, mostra, definitivamente, que a vida humana no planeta contém alto teor de crueldade.


O caso no Ceará fecha uma semana marcada pela irresponsabilidade e corrupção da Polícia, uma corporação que, por muitas razões, está longe de ser associada à segurança. Embora esses desvios anunciem já há algum tempo uma espécie de colapso na prática da segurança diária da população, a corrupção policial apenas reflete uma prática cultural muito mais ampla no país, vigente em todos os níveis da sociedade: a prática de burlar a lei e lucrar em situações que a priori não têm o propósito de oferecer vantagens.
Só nos últimos cinco anos, a Polícia Militar excluiu 1.115 servidores de seus quadros por motivo de corrupção. Um problema que se tornou, infelizmente, banal na falta de políticas de controle realmente eficientes. Porém, na última semana, os casos tomaram proporções alarmantes e se proliferaram de norte a sul do país numa seqüência notável de imprudências desmedidas.
Para o antropólogo Roberto Kant de Lima, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), o problema da corrupção surge (também) do fato de que o policial não se vê como um agente público, e sim como alguém que trabalha em função dos seus próprios interesses. Na Justiça, segundo ele, essa marca é ainda mais forte.
Depois da morte de um estudante na sala de aula, há duas semanas, no Rio de Janeiro, vítima de uma bala perdida trocada entre policiais e bandidos de um morro vizinho à escola, cujos muros e paredes estão esburacados de balas, a última semana começou com a morte por atropelamento de Rafael Mascarenhas, filho da atriz Cissa Guimarães, ocasião em que dois policiais teriam exigido a volumosa propina de R$ 10.000,00 para liberar o atropelador imprudente.
No sábado, um vigilante disse que teve o carro rebocado em São João do Meriti, na Baixada Fluminense, por não querer pagar o suborno exigido por policiais para liberar o veículo, cujo IPVA estava atrasado. Na mesma noite, outro motorista foi agredido por também se recusar a pagar propina a policiais que faziam uma blitz em Vaz Lobo. No mesmo fim de semana, um vigilante, que viajava com a mãe, foi abordado por policiais que faziam uma blitz na Rodovia Presidente Dutra, em Duque de Caxias. Com a documentação do carro irregular, ele teria sido obrigado a pagar propina e, como não fez por não ter o valor pedido pelos policiais, teve o carro rebocado sem receber nenhuma documentação de apreensão do veículo.
No domingo, o programa Fantástico mostrou uma das cenas mais fortes, tocantes e traumáticas que já vi na televisão. Viajando com o filho de 14 anos na garupa da moto, em Fortaleza, Ceará, o pai não ouviu a ordem de parar dada por um policial militar e seguiu em frente. Por conta disso, um dos policiais atirou e acertou o filho do motoqueiro. Desesperado, o pai deitou-se ao lado do corpo do filho e lá ficou, no asfalto, em estado de choque. Comovente. Na Europa e nos EUA, os policiais perseguem e interpelam com suas viaturas (possíveis) infratores de ordens policiais. Aqui, eles são parados à bala. Lamentável.
O problema da corrupção sistêmica, da violência e do despreparo dos policiais, vistos numa única semana deste mês, embora não se possa generalizá-los, não apenas revelam a incapacidade técnica e psicológica desses profissionais de lidar civilizadamente com a sociedade civil, como mostram, sobretudo, que o sistema mantido pelo governo retroalimenta a condição precária e temerária em que a corporação se encontra. A falta de recursos materiais para o trabalho, os baixos salários, a falta de treinamentos técnicos e psicológicos e a baixa qualificação de pessoal são apenas algumas das razões que fazem da Polícia em atuação no país uma das mais violentas e corruptas do mundo.
A solução para o problema da corrupção no país parece ainda utópica e jamais será encontrada sem vontade política. Não há nichos de corrupção na sociedade. Ela permeia em algum nível todas as instâncias sociais e se tornou parte da nossa cultura desde a época em que Portugal teve que alugar o país em capitanias para não perdê-lo para os franceses. O que se pode fazer desde já é tornar aos poucos a profissão de policial militar mais digna, primeiramente, para quem a exerce.
Valorizando a exposição da vida com salários dignos e recompensas legais e preparando esses homens e mulheres tecnicamente e psicologicamente, com base em princípios de civilidade, leia-se respeito ao próximo e honra do dever, pode-se chegar a algum lugar em que policiais e criminosos sejam nitidamente distintos.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

A Paz se Faz a Cada Dia, com Pacificação Íntima

Para se fazer a paz é preciso tentar compreender a existência da guerra. A paz se faz a partir da guerra e um pouco a cada dia. Se não entendemos a guerra, será difícil mantermos a paz.

O soldado americano Mike Prysner, combatente na Guerra do Iraque, faz um testemunho comovente e verdadeiro sobre os reais motivos desta guerra em específico. E mesmo que as razões reveladas por ele já façam parte da suspeita ou certeza de muitos, as palavras de Prysner têm uma força pacifista impressionante. Segundo informação colhida no YouTube, Prysner morreu dois dias após o discurso, com a causa mortis divulgada como ataque cardíaco. Especulações dão conta de que o soldado foi assassinado (por seu discurso ?). Isso nos leva a refletir que, pior do que as guerras travadas em reais campos de batalhas, são aquelas as quais vivemos todos os dias, em campos de batalhas camuflados.