A civilização do planeta começa em três lugares, a Mesopotâmia é um deles; o Egito é um outro. Ambos encerram numa região limitada no oriente médio as principais religiões monoteístas. O islã foi a terceira grande religião, depois do judaísmo e o cristianismo. A fusão entre o cristianismo e o islamismo ocorre mais tarde de tal maneira que Adão, Moisés, Noé e Jesus Cristo foram inicialmente profetas islâmicos. A guerra de forças começa e aí surge o poderoso Império Persa, entram os gregos na disputa e o igualmente poderoso Império Romano, que acaba se partindo em dois, com o lado mais próximo do oriente médio resistindo bravamente. Mas, então, surge o Império Otomano, na Turquia, mas não com os turcos, e sim com os povos do norte asiático, liderados por Genghis Khan. O Império Otomano resiste na região por 600 anos, até a Primeira Guerra Mundial. Com o fim deste império, a Síria aparece no mapa pela primeira vez, assim como a Jordânia e o Iraque. Mas de onde saíram esses países? Em 1916, ocorre o Acordo de Sykes-Picot (por esse você não esperava!). Tal acordo tinha a palavra da Inglaterra e da França de que não invadiriam a região do Império Otomano, sem o apoio da população que vivia na região do império, na sua maioria árabes. Mas como a Inglaterra e a França conseguiram invadir sem o apoio da população? Fato é que ambos prometeram criar a Grande Arábia, um país exclusivo para os árabes. O problema foi que tal promessa era uma fraude. Uma vez na região, a Inglaterra criou o que hoje conhecemos por Palestina, Iraque e Jordânia, enquanto a França criou a Síria. Não eram países, na verdade, mas regiões demarcadas e comandadas pelas potências europeias. O interesse era o petróleo, o que passou a ser explorado à exaustão, com a chegada de empresas estrangeiras na região. Na Síria, os franceses expulsaram os sírios a patadas. Após a Segunda Guerra, os europeus deixam a região e os sírios exilados criam o Estado de Israel, que não foi reconhecido pelos seus vizinhos. Com a saída dos britânicos da região, esses estados vizinhos começam a atacar o Estado de Israel e a região vira um caos de intolerância. Com a saída da França, na Síria surge a luta pelo poder e inúmeros golpes de estado. Foi então que, algumas décadas depois, surge o Baaz, uma ideologia que mistura o sonho antigo de uma única nação árabe, com ideias socialistas e a formação de uma nação laica (sem religião dominante). As disputas então se desdobram na região, surgem mais povos nessa disputa: xiitas, sunitas, curdos e os braços radicais do islamismo, com a Al-Qaeda e, por fim, o Estado Islâmico, que hoje faz frente na Guerra Civil na Síria e semeia uma discórdia generalizada. Os grupos islâmicos radicais do terror surgem imbuídos de um regaste histórico movido pela religião, cultura e poder. O ódio ao ocidente é motivado pelo domínio europeu ocorrido há mais de 600 anos na região (talvez antes disso), com o Império Romano e, recentemente, a partir de 1916, com a Inglaterra e a França motivadas pela exploração do petróleo. A História é construída por efeitos-cascata e desdobramentos de eventos milenares. Para entender o presente é preciso conhecer o passado.
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