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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Consciências Universais: Confúcio (c. 555-479 a.C.)

Compilar listas de personalidades da história, que mudaram o mundo, invariavelmente, gera polêmicas no julgamento de quem merece ser lembrado. A disputa de argumentos costuma ser acirrada por conta da maneira como qualificamos as realizações dessas personalidades e classificamos a importância do legado. Na relação compilada para esta série não foi diferente. Após muitos embates de julgamento comigo mesmo, selecionei 50 personalidades. O critério utilizado para a seleção, contudo, se baseou unicamente na validade do seu legado nos dias de hoje e nas realizações que, de forma universalista, estão no âmbito da policarmalidade. A apresentação das Consciências Universais, do número 1 ao 50, não obedece, entretanto, a nenhuma ordem por importância.Todos os selecionados se destacam aqui como assistentes universalistas.


CONFÚCIO (c. 555-479 a.C.)

A evolução da sociedade chinesa foi há milênios fundamentada sob quatro preceitos básicos: respeito ao próximo, moderação nos julgamentos, amor pelo trabalho bem feito e sujeição aos interesses do grupo. O confucionismo é um tipo de filosofia que incorpora adequadamente tais preceitos. Mas pouco se conhece sobre a vida e a personalidade do precursor desta doutrina. Confúcio nasceu Kongzi e viveu na época dos Reinos Combatentes, um período difícil da história chinesa, iniciado com o fim da dinastia Zhou, no século VI a.C. A versão latina do seu nome no ocidente foi criada por padres jesuítas que chegaram ao Oriente no século XVII.

Confúcio assumiu o ideal aristocrático do homem honesto, guardião das tradições e movido pelo desejo de fazer o bem a seus semelhantes, muito por força não apenas das antigas tradições Zhou, como por pertencer à uma classe de letrados, conhecida na China por rujia. Em consequência disso, encarnou o ideal aristocrático do homem honesto, atento às tradições e imbuído do desejo de fazer o bem não importando a quem. A base da assistência praticada na sua época ainda é válida nos dias atuais: tenha uma atenção benevolente para com os outros, respeite as regras da vida em sociedade e interiorize o senso de responsabilidade na evolução do próximo. A virtude surge então como um esforço pessoal e contínuo, e não como uma qualidade inata e respaldada na origem social. Por mais de dois mil anos, a filosofia de Confúcio permeou a vida e a cultura chinesas, com grande influência sobre grande parte da população mundial.

Embora tenha pertencido à classe dos letrados e assumido o ideal aristocrático, Confúcio nasceu na província de Shantung, no nordeste da China, numa família pobre. Seu pai faleceu quando ele era ainda muito jovem. Viveu com a mãe uma época de penúria. Começou uma vida profissional como funcionário público de nível inferior e atuou como tal por vários anos, até pedir demissão e começar, então, a lecionar  a sua filosofia. Na fase adulta, exerceu uma função de alta posição no governo de Lu, mas uma horde de oposição à corte conseguiu destituí-lo do cargo e fazê-lo exilar-se longe da terra natal. Iniciou assim uma carreira de professor intinerante e só voltou à China nos seus últimos cinco anos de vida. Mas o conhecimento que se tem de que sua filosifia se tornou uma religião não parece corroborar com a história. Confúcio não baseava suas idéias em qualquer tipo de deificação, não falava em vida após a morte e era contrário à qualquer forma de especulação metafísica. Seu interesse estava unicamente centrado na moralidade e num modelo de conduta, tanto pessoal quanto política.

Entre as ideias centrais de sua filosofia estavam o preceito de que respeito e obediência eram devidos aos superiores e  governantes. Contudo, acreditava que o Estado existia para benefício do povo e não o contrário. Defendia que os governos deviam ser regidos pela moral e não pelo uso da força. A máxima "não faça aos outros o que não quer que os outros façam com você" era usada nos ensinamentos confucionistas. Inovador e reformador, era contrário ao modelo governista da época por não julgá-lo um exemplo moral. Mas, apesar de sua oposição às ideias do governo, após a sua morte, suas ideias se espalharam amplamente pelo país.

Confúcio viveu durante a dinastia Chou, num período de grande ebulição intelectual na China. Mas foi com o advento da dinastia Ch'in, entretanto, que o confucionismo esperimentou seu período de oposições. O imperador Shih Huang Ti estava determinado a erradicar a influência de Confúcio e ignorar o passado. Mas, antes de tomarmos partido neste episódio contrário à filosofia de Confúcio, liderado por Shih Huang Ti, convém lembrar que o imperador chinês está entre as 50 mais ilustres consciências da história mundial por promover a união da China e instituir uma série de reformas radicais, que se constituíram num importante fator de unidade cultural, o qual se mantém vivo e válido desde então.

O confucionismo resistiu e sobreviveu à tentativa de erradicação de sua filosofia, com o apoio dos sábios confucionistas, quando a dinastia Ch'in se extinguiu. Na dinastia seguinte, com o imperador Han, o confucionismo foi adotado como filosfia oficial do governo chinês.  E não ficou apenas nesse status. Consequentemente, os ideais de Confúcio foram aceitos pela maioria dos chineses, influenciando de forma definitiva a vida na China e o modo de pensar do seu povo. A forma usada por Confúcio para passar seus ensinamentos a seus alunos tinha na sua integridade e sinceridade a base sólida para credenciar suas ideias. Além disso, Confúcio era um homem moderado e prático e não exigia de ninguém aquilo que ele não pudesse dar. O respeito ao momento evolutivo do próximo e aos limtes de cada um foi talvez a chave para o imenso sucesso dos seus ensinamentos. Ele não anunciava-se como salvador e nem pretendia mudar a crença do povo. Não pedia mudanças de paradigmas nem que abandonassem seus cultos. Confúcio apenas ofereceu uma forma de reorganizar tais ideias de uma maneira clara e admirável, fortalecendo as tradições e criando uma sintonia com os pontos de vista fundamentais da época.

A formação da consciência para Confúcio estava fundamentada mais no exercício das obrigações e menos na defesa dos direitos. Tais ideiais se mostraram fortemente arraigados à cultura chinesa. Como filosofia, provou ser de grande eficiência e, com base na capacidade de manter a paz e a prosperidade, podemos dizer que a China foi, de uma maneira geral, a região mais bem governada do mundo por mais de dois mil anos.

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