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domingo, 1 de fevereiro de 2009

Montaigne e a Sabedoria

Conhecimento e sabedoria são duas coisas distintas. Nem sempre aquele que tem o conhecimento é sábio, assim como nem sempre aquele que tem sabedoria possui também o conhecimento formal. O modelo de avaliação do conhecimento hoje revela mais uma busca pela informação do que pela sabedoria.

Para se obter aprovação em qualquer prova, teste ou avaliação formal hoje em dia não precisamos muitas vezes sequer estudar para isso, nem tampouco compreender a matéria. Com uma lógica razoável, compilamos informações para maquiar resultados e então obtermos os louros. Quantos no ensino formal se sentem seguros no que aprendeu e sabem profundamente a matéria ? E o pior, quantos utilizam o aprendizado na vida diária ? Em praticamente quase todos os modelos de ensino de hoje a informação chega engessada ao receptor, pronta para ser ingerida e armazenada sem muitas reflexões. Trocamos idéias como quem troca figurinhas, apenas focados na imagem do saber, mas sem muitas razões práticas. Estou longe de desprezar o ensino formal, posto que ele oferece o embasamento técnico do assunto, o mais atual numa determinada área. Mas estou longe de entender porque a formação humana está tão fortemente baseada apenas nesta forma de avaliação, incapacitada de revelar a natureza do ser humano por detrás do aprendizado. Saber o que é uma xícara é mais importante do que saber como usá-la.

O pensador, escritor e ensaísta francês, Michel Eyquem de Montaigne (1533-1592) dizia que o camponês era mais sábio do que o aluno da universidade, pois ele tinha um conhecimento prático da vida muito mais valioso do que o conhecimento formal dos bancos da universidade. Em termos práticos, sim, Montaigne tinha razão, porque um conhecimento sem a função prática é como uma simples figurinha num álbum. Todos vão ver que temos a imagem, mas não fazemos maiores uso daquele objeto. É aqui que a diferença entre conhecimento e sabedoria se mostra deveras interessante, posto que são campos completamente distintos.

Sem desmerecer o conhecimento formal, a sabedoria pela experiência é uma poderosa ferramenta de auto-expressão consciencial. Nos revelamos na prática enquanto na teoria podemos maquiar, ou mesmo manipular os resultados. Saber o que é uma xícara é bem mais fácil do que explicar de que maneira podemos usá-la. Enquanto por um lado utilizo minha intelegência informacional, baseada em conceitos decorados, por outro vou revelar quem sou ao descorrer sobre as diversas possibilidades de explorar um objeto. Os mais lógicos e concretos não dirão muito mais sobre as formas de utilização de um objeto além das possibilidades habituais. Já os mais criativos darão aulas de funcionalidade. Um simples exercício das possibilidades de uso de uma xícara pode revelar informações valiosas sobre a natureza interior, o nível evolutivo, a paraprocedência, o grupocarma e a identidade da consciência, indivíduo, descortinando seu universo multidimensional e a maneira como ele se relaciona com o universo à sua volta. Perguntas como, "o que você acha de viver 50 anos com uma mesma pessoa ?" pode mostrar muito mais de um indivíduo do que simplesmente saber se ele sabe o que é uma relação matrimonial.

Portanto, o maior teste de conhecimento é aquele que pode avaliar o nível de sabedoria prática do indivíduo. Não apenas aquele que informa o seu nível de tecnicidade. A funcionalidade do nosso conhecimento contém tudo que aprendemos até aqui e resulta em sabedoria. Assim valorizaremos quem de fato importa: o ser humano.


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